Depois da chocante história de Antonio Pampliega narrada em seu livro Na escuridão, com seus 300 dias de cativeiro na Síria, passo agora a este livro de outro jornalista Mikel Ayestarán, especializado em Oriente Médio e encarregado de nos transferir em muitas ocasiões as complexidades sociopolíticas de países como Iraque, Irã, Afeganistão, Palestina ou Líbano.
Nesta ocasião, o autor aproxima-nos de alguns acontecimentos de relevância transcendental para a evolução atual do foco inesgotável de confrontos políticos, étnicos e religiosos, sem poder discernir em muitos casos a causa fundamental.
No amálgama de problemas, o despertar do grupo do Estado Islâmico, radicalizado e desejoso de uma unificação de critérios sociais, morais e políticos entre todos os países do Islã, agravou os problemas desde sua irrupção em 2014, com o estabelecimento de um quadro geral califado centrado em Mosul e a partir do qual a organização tentou se estabelecer como a força insurgente finalmente chegando ao poder.
Entre 2014 e 2017, quando as forças iraquianas conseguiram reconquistar a cidade, Mikel Ayestarán esteve na capital do país, Bagdá. E de lá ele pôde observar em primeira mão os movimentos sociais e políticos, os sentimentos dos habitantes do país.
O que poderia parecer euforia entre um povo libertado era, na verdade, apenas uma miragem entre a destruição, o abandono, a morte e o exílio. O autoproclamado Califado do Estado Islâmico havia caído, mas a libertação não era vista como uma solução para ninguém.
Em qualquer conflito, são os civis que acabam refletindo a derrota, aconteça o que acontecer. Pois além da conquista da cidade de Mosul, muitas outras localidades ainda estavam sob o controle do ISIS, com o qual o conflito só pretende se intensificar entre os oficiais e os insurgentes que, por outro lado, souberam atrair novos uns como ninguém, adeptos ultra-convencidos da causa.
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