Os melhores livros do maravilhoso Cristian Alarcón

Da parte mais profunda da vida, onde a realidade parece dissolver-se em limiares nebulosos, Cristian Alarcón sempre encontrou histórias para nos contar. Primeiro como jornalista e depois como narrador de ficção, ou talvez não tanto de ficção, mas de perfis que nos são ao mesmo tempo próximos e que despertam em nós aquele estranhamento do humano como algo remoto, alheio, inassumível pela nossa consciência leitora e portanto, transgressor em última instância.

Numa bibliografia que se lança rumo a esses horizontes híbridos de quem se esforça para ser escritor sem poder abrir mão da profissão de jornalista, como aconteceu com Tom Wolfe ou muitos outros, o que aconteceu com Alarcón certamente acabará conduzindo a uma interessante carreira literária. E estaremos aqui para contar.

Romances mais recomendados de Cristian Alarcón

o terceiro paraíso

A vida não passa apenas como molduras pouco antes do véu da chocante luz final (se algo assim realmente acontecer, além das famosas especulações sobre o momento da morte). De fato, nosso filme nos assalta nos momentos mais inesperados. Pode acontecer ao volante atrair-nos um sorriso para aquele dia fantástico anos atrás, tão perfeito quanto idealizado...

Nosso filme nos encontra em momentos de branco, durante tarefas rotineiras, no meio de uma espera inconsequente, pouco antes de dormir. E a mesma memória pode ter uma revisão do seu roteiro ou uma correção da direção do filme, com sede em algum lugar da nossa mente.

Cristian Alarcón nos conta sobre o filme sobre seu protagonista da maneira mais viva e preciosa possível. Para que possamos sentir ao toque e até cheirar essas evocações da vida que foi e a forma de ver a vida a partir dessa dívida. Compreender certos protagonistas é compreender a nós mesmos. É por isso que a literatura sempre será necessária.

Um escritor cultiva seu jardim nos arredores de Buenos Aires. Para lá vão suas memórias de infância em uma cidade do sul do Chile, as histórias de seus antepassados, de sua avó, de sua mãe. Também o exílio na Argentina e como nesse exílio são as mulheres que plantam o pomar, as hortas, a solidariedade, o coletivo.

Um romance sem gênero, híbrido e poético, ler O Terceiro Paraíso é entrar em um instante no universo de Cristian Alarcón, autor desta jornada literária, botânica e feminista que, longe de se esgotar em uma primeira leitura, nos pede que voltemos a o texto para responder às muitas questões que ele coloca.

“Ambiente em vários lugares do Chile e da Argentina, o protagonista reconstrói a história de seus ancestrais, enquanto mergulha em sua paixão por cultivar um jardim, em busca de um paraíso pessoal. O romance abre uma porta para a esperança de encontrar um refúgio das tragédias coletivas no pequeno."

Quando eu morrer quero que me toquem cumbia

Publicado originalmente em 2003 e recuperado com o objetivo de divulgar a obra de um autor que finalmente foi premiado e reconhecido com um valor mais justo. Mas também ao fundo revive a personagem mítica de “El Frente” Vital a quem Calamaro chegou a dedicar uma das suas canções. Tendo a crónica como pano de fundo, descobrimos uma obra de contrastes como já se adivinha nos conceitos díspares do título. Uma história marcante daquele contexto humano onde a vileza e a grandeza acabam colidindo e, como raramente, esta última sai vitoriosa.

«-Seu filho está morto. Aí está, não toque nele.

No chão de terra, Victor jazia, com a testa larga e limpa que lhe dava o apelido, numa poça de sangue, debaixo da mesa onde redigiam o relatório oficial de sua morte.

No dia 6 de fevereiro de 1999, a morte de um menino, a Frente Vital, crivado pela polícia, elevou à categoria de mito aquela espécie de Robin Hood da cidade que distribuía o que roubava entre os vizinhos, e deu origem a o santo capaz de fazer milagres como mudar o destino das balas policiais.

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