Os 3 melhores livros de Antonio Lobo Antunes

O Portugal literário também parece se deixar embeber por aquela melancolia que assola as costas lusitanas para se espalhar para o interior desde o mais enevoado Atlântico. E o resultado é um híbrido entre o mágico e o existencial. Trazido das profundezas abissais onde tudo tem lugar, desde o avistamento de peixes nunca descobertos à sensação de chegar a profundidades sufocantes.

Então, entendemos melhor Saramago o Pessoa e, assim, também podemos desfrutar em maior medida do prolífico António Lobo Antunes, psiquiatra para mais detalhes, com os quais podemos deduzir a capacidade inatingível de dissecar o psiquismo humano, com conhecimento da causa e documentação a esse respeito.

O resultado, cerca de 30 romances e muitas mais obras de não ficção que incluem ensaios e compilações de artigos, fazem deste escritor português um dos mais interessantes contadores de histórias do sul dos Pirenéus.

Os 3 principais romances recomendados de Antonio Lobo Antunes

Memória de elefante

A primeira vez que o grande escritor é descoberto, o autor que espalharia toda sua criatividade em milhares de páginas subsequentes. Um romance que mostra precisamente a memória como culpada da dor e da melancolia.

Quanto mais anos se passam, mais se acumula a nossa memória de elefante, mais comprometida com dívidas do que com a bagagem daquilo que vivemos. capítulos de sua vida, enfatizando os aspectos mais íntimos e comprometidos.

Ao longo de um dia e uma noite, o herói e narrador desta história mostra a vontade de se ouvir e, assim, de encontrar definitivamente uma identidade há muito perdida.Memória de elefante anuncia a chegada de um autor que se destaca pela originalidade na sua forma de contar, e o que é ainda mais notável: um escritor que provoca no leitor uma forma inusitada de leitura.

Memória de elefante

Manual do Inquisidor

Uma das coisas boas da geografia portuguesa é a sua orientação quase totalmente voltada para o oceano. E sempre se disse que os grandes oceanos não têm memória, pelo que Portugal, ao contrário de Espanha, soube esquecer o seu ditador Salazar como se fosse algo que as suas cinzas tivessem sido engolidas pelo imenso mar.

Portanto, partimos neste livro de uma ditadura específica, a do Professor Salazar, tudo o mais é mera coincidência, pois os padrões deste manual se estendem a todos os lugares e ocasiões, através dos restos da memória de uma multidão de personagens impagáveis ​​- amantes, colegas, empresários corruptos, o médico da polícia política, velhos militares descontentes-, parentes de um ministro do ditador, prosa magistral -e extraordinariamente musical- que enche o leitor de uma indignação profunda que o fará refletir sobre poder, sobre o poder do estado, sobre os estados de poder.

"Gostaria que meus livros recriassem a vida como ela é, renovassem a arte do romance, fossem espelhos nos quais nossas grandes misérias e nossas pequenas grandezas se refletem ..."

Manual do Inquisidor

A ordem natural das coisas

Provavelmente, não existe. A ordem natural das coisas, quero dizer. E a melhor maneira de assumi-lo é entrar em um romance como este feito soma de impressões subjetivas para perceber que a ordem natural é apenas uma impressão de nossa evolução como espécie.

E toda evolução tem sua crise, de vez em quando, em qualquer lugar, quando se descobre que não há razão para concordar. Nem mesmo em essências como amor ou morte. Porque não estavas tão perto de um quando confiaste cegamente nele, nem tão longe do outro quando o tempo passa sem as suas notícias Dez vozes monologais da solidão e da dor, do desespero e do medo, da doença e da loucura. Dez pessoas confrontadas com a morte.

Porque este romance é sobre a morte que arrasta desde a primeira página, com uma linguagem que o seu autor transforma em bisturi com que entra na alma humana a limites difíceis de imaginar, misturando tempos, entremeando a história do seu país com as de. seus personagens, num turbilhão de lembranças e fantasias que se concretizam em uma bela prosa, ora meticulosa e lenta, ora vertiginosa e sarcástica, cuidadosamente articulados para alcançar um equilíbrio entre a ruptura formal e a confusão aparente.

A ordem natural das coisas

Outros livros recomendados de Antonio Lobo Antunes

Até que as pedras fiquem mais leves que a água

As questões inexplicáveis ​​da existência apontam para a metafísica ou a ficção científica. Espaços da imaginação dançando com a inteligência em busca de respostas inacessíveis. Desta vez ao ritmo daquele fado que lança as suas questões ao passado em busca de horizontes para o futuro. E não, afinal não há ficção científica enquanto as respostas mais improváveis ​​nos embebem com o aroma da névoa atlântica e o que resta é um vislumbre precioso dos vislumbres mais mundanos.

Até que as pedras se tornem mais leves que a água é um livro vertiginoso, violento e, às vezes, difícil. Mestre da prosa introspectiva, António Lobo Antunes tece neste romance coral uma tapeçaria em que as emoções fluem numa dança hipnótica, entre o passado e o presente.

Nas ruas de paralelepípedos de Lisboa, as vozes de múltiplas gerações ressoam numa sinfonia comovente. Através dos olhos e corações de personagens inesquecíveis, Lobo Antunes nos guia pela vida de uma família marcada por violência e segredos, amores proibidos e desejos indescritíveis.

Até que as pedras se tornem mais leves que a água é um romance que desafia as convenções literárias e convida o leitor a explorar a natureza da identidade, da perda e dos relacionamentos pessoais. Lobo Antunes constrói mais uma obra-prima que corre como um rio melancólico, arrastando-nos na sua corrente e imergindo-nos numa experiência de leitura que perdurará muito depois de termos virado a última página. Um romance, enfim, onde as palavras se tornam um espelho das almas, captando a própria essência do ser humano.

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