Para Marta Aguilera, chegou a hora em que o futuro é o menos importante. E quem não tem medo do que vai acontecer, quem se livra das pesadas consequências pode finalmente empreender a vingança do bem sobre um mal que reina desde tempos imemoriais.
Não se trata de Marta Aguilera vestir sua capa de super-heroína e se dedicar a lutar como Davi contra Golias. É apenas para finalmente agir de acordo com aqueles bons princípios que sempre se projetam no horizonte enquanto se descobre como exatamente o contrário é feito nas instâncias mais altas de poder.
Marta tem pouco tempo para sair pela grande porta de um mundo que já se tornou pequeno para ela. Ou pelo menos ele superou o tumor que está irremediavelmente ameaçando suas células.
E é aí que respirar se torna mais do que apenas a inércia de viver. A cada nova inspiração, Marta sente-se em dívida com aquele lugar chamado mundo, do qual se despede com maior certeza a cada segundo.
De sua missão nesta vida, que não foi outra senão o jornalismo, e mesmo enfrentando aqueles que comercializam com justiça ou que simplesmente continuam a acreditar que todos merecem garantias processuais, nossa heroína decide aplicar a lei mais eficaz, aquela que em última instância foi escrito para aliviar o mal da vítima na mesma medida em que o recebeu.
De certo modo, Marta vinga também a própria injustiça, a daquele tumor que encurta ao ridículo o prazo da sua vida. Mas precisamente dessa derrota que a espera, Marta vai tirar o melhor de si para enfrentar as suas causas perdidas, arrancando-as daquela suposta fatalidade que as deu, precisamente, para perdê-las.
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