No caso do prolífico contador de histórias irlandês Michael Scott tentar estabelecer uma classificação com seus melhores livros é utópico para mim em dois aspectos. Em primeiro lugar, porque poucas de suas obras foram traduzidas para o espanhol. Em segundo lugar, porque mesmo tendo alcançado a nossa língua, não me daria uma vida para cobrir tamanha capacidade criativa.
Assim, como muitas vezes é o caso nestes casos, face à esmagadora produtividade de um autor, a obra tende a acabar fragmentada, destacando aquelas séries ou temas afins que, uma vez inseridos no mercado correspondente, exploram a veia com a conseqüente cadeia de trabalhos subsequentes.
A série em o imortal Nicholas Flamel, um grupo aparentemente jovem, mas que no final se cultiva em aspectos mitológico-históricos e dispõe o leitor para uma literatura tão pedagógica quanto necessária aos princípios fundamentais do bem e do mal em uma sociedade atual em que os alicerces morais assentam em terrenos lamacentos.
Então vamos lá com aquela saga que, a meu ver, aproxima este autor de outra grande referência da narrativa juvenil mais relevante, Jostein Gaarder.
Os 3 principais livros recomendados por Michael Scott
O Alquimista
Em uma saga de sucesso como "The Immortal Nicholas Flamel", muitas vezes acontece que o primeiro romance se torna um gancho literário que corre como um incêndio entre leitores fascinados.
O alquimista foi aquele pavio que antecipou a explosão e o trabalho que devemos agradecer pela continuação de uma série inesquecível. Sem dúvida, é uma narrativa juvenil, mas basta começar a ler para perceber aquele pano de fundo cultivado em um avanço dinâmico da história que prende leitores grandes e pequenos às suas páginas.
Uma livraria das habituais em que a correria comercial não consegue deslocar livros de outros tempos de suas prateleiras. Cheiro de papel velho e sensação de que o que está escrito entre aquelas grossas lombadas guarda grandes segredos.
Sophie (por coincidência Sofía, como o livro de Sofia do citado Gaarder) e Josh são dois jovens que embarcam na aventura de suas vidas desde o primeiro momento em que pisam na livraria.
Só que essa aventura vai muito além do que imaginavam e o acaso os colocará no epicentro de um conflito atávico entre o bem e o mal que coexiste com a alma humana desde os primeiros raios e os primeiros mitos.
A feiticeira
Sem a intenção de estripar a história (ou estragar, como dizem agora), pulo o segundo romance da saga e passo para o terceiro. De qualquer forma, agora você já sabe que Josh e Sophie não foram um acaso. Que entraram naquela livraria pela primeira vez foi uma medida do destino ...
O protagonismo deste romance é assumido por um Nicolau Flamel acuado pelas circunstâncias, carente da profecia que aponta para os meninos tomarem forma. A adversidade paira sobre o destino com força desanimadora e o tempo está chegando ao fim.
Um romance em cuja seção intermediária chegamos muito perto de uma mitologia fascinante que se conecta com a trama ficcional. Provavelmente o melhor trabalho da saga nesse sentido.
O amável
A apoteose num final aberto que pode convidar a novas sequelas ou prequelas, quem sabe? A cidade de São Francisco torna-se o epicentro para onde tudo converge, onde a luta feroz orienta todas as forças que equilibram o universo.
Os monstros que sempre ameaçam o nosso mundo e as construções mitológicas do homem que procuram dar-nos força e coragem. Tudo se materializa na cidade como a profecia apontava.
A batalha pelo mundo pode ser resolvida da maneira mais imprevisível porque, conforme lemos, descobrimos que talvez haja uma possibilidade de vencer sem contar tantas baixas quanto um confronto corpo a corpo indica.
E aqueles adolescentes que uma vez entraram na livraria para trabalhar no verão, devem saber escolher na hora certa, antes que as sombras tomem conta.