O fio de sangue, de Ernesto Mallo

O fio de sangue
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O passado pode ser tão cruel a ponto de nos apaixonarmos pelo retorno quando se começa a ser feliz. Isso é o que acontece com o cão Lascan. Justamente quando seu afastamento da prática policial favorece a calma de um amor que está sempre mal curado e portanto pendente com Eva, o passado se apresenta ali, com o gesto asséptico do carteiro que deixa uma multa em suas mãos e lhe pede um notificação de recebimento.

É verdade que, por parte do Cão, sempre há uma predisposição para retirar do lixo casos pendentes, mesmo que o caso acabe sendo o da sua própria vida. Quando naqueles dias ele ouviu o testemunho de um criminoso moribundo que afirma saber como seus pais foram mortos, sua vocação pela verdade, neste caso impregnada de um ódio cultivado em sua infância desolada, retorna com força incontrolável.

O Cão vai do passado ao presente, da Argentina à Espanha, o fio da sua verdade, do seu caso mais importante, é um fino fio de sangue derramado há tantos anos que o seu rasto se confunde com qualquer outro rasto próprio. sangue fervendo de vingança e raiva. Seus sentimentos sombrios despertados o transformam naquele outro homem incapaz de ver sua realidade, incapaz de ser feliz com Eva, incapaz de fechar os olhos e parar de pensar ...

A verdade nem sempre nos liberta. Isso é o que o Cão Lascan pode vir a entender. Às vezes você pode ser acorrentado a esse passado com aviso de recebimento, um passado que em sua verdade final perturba tudo que o fez como é, o que ergueu sobre suas misérias, o que encobriu detalhes esquecidos graças à ficção, talvez omitidos pela consciência surda que nunca antes quis enfrentar aquela verdade, finalmente desnudada à luz das histórias, dos testemunhos e das evidências.

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