A realidade deve ser sempre uma síntese. O mundo subjetivo, a nossa realidade, se delineia melhor a partir do encontro de duas visões muito diferentes, capazes de abrir ao máximo o alcance para localizar um ponto intermediário.
Mateo é um jovem pretensioso e cheio de vida. Olga é uma mulher adulta que passa seu tempo de aposentadoria estudando aquela realidade composta de matemática, estatística, probabilidades e fórmulas onde pode encontrar certezas além das limitações subjetivas.
A rede oferece suporte a ambas as opções. É o Universo atual para todos os tipos de pesquisas, desde um liquidificador até o encontro consigo mesmo. E claro, amor. O amor pode ser encontrado em qualquer mecanismo de busca. A ideia é que o algoritmo acabe acertando os cookies que deixam nosso rastro.
Olga nunca teria pensado que poderia haver um encontro entre o seu mundo e o de Mateo. Da mesma forma que Mateo não teria pensado que ele tivesse algo em comum com Olga. Mas as pesquisas em geral têm o mesmo pano de fundo: conhecer e saber.
Quando duas almas compartilham a mesma tendência ao conhecimento e à sabedoria, talvez não estejam tão distantes no arco matemático do amor, na probabilidade estatística que acaba se tornando o desvio do caso estudado.
É então que pode vir a síntese, o encontro geracional e a decolagem de algo especial, conduzidos por uma prosa quase poética, com os contornos dos poemas mais rasgados, com sua doçura e seu amargor.
Esta crítica pode soar como um romance para você, e parte dela é. Mas não devemos esquecer que a pena de Belén Gopegui apresenta características difíceis de classificar, um resíduo trágico, existencial, banhado por um vitalismo avassalador e um pano de fundo perturbador que só os grandes escritores conseguem transmitir.
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