Descobrir de vez em quando um romance romântico mas com suas arestas é muito bom. O amor também pode ser aquele que surge como placebo para uma vida tediosa, para uma realidade meticulosamente construída para a felicidade e que acaba soando como uma orquestra discordante de músicos cegos.
Doudou encontra o momento de descobrir que não é tão feliz quanto parece para os outros e para si mesma. Basta com a evocação de um namoro antigo, com o sussurro de uma voz que vem das ondas do rádio para entender que se ela ficar quieta vai acabar se afogando nessas areias movediças que são a sua vida.
Doudou considera que às vezes é necessário fugir de si mesmo, ou pelo menos sofrer uma mutação e deixar as memórias trancadas em uma casa velha. A aventura é a única saída possível para uma monotonia extremamente desconfortável, alienante.
Junto com Guillaume, Doudou embarca em uma viagem para lugar nenhum a bordo de uma motocicleta….
Mas é claro que essa dedicação ao novo amor, ao vitalismo deixa contas pendentes. Encontrar um equilíbrio entre aquele eu que marca uma nova jornada e a família que ele deixa para trás, incluindo os filhos, parece uma tarefa impossível.
Uma jornada para se reconectar com tudo após o parêntese vital que a levou a se tornar algo que ela nunca imaginou ser. Uma consciência que resulta em uma história acelerada entre o amor e os arrependimentos silenciados. Liberdade em sua decisão mais importante: buscar seu verdadeiro eu.
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