tudo já foi Milan Kundera, ou melhor, seu trabalho, eu me aproximei aleatoriamente me perdendo na biblioteca de meus pais. Foram os meus tempos de adolescente em que os livros começaram a ser mais do que elementos decorativos.
A Insustentável Leveza do Ser veio a ser um trabalho iniciático para o existencialismo de um jovem. Aquele moleque que eu era começava a vislumbrar questões pesadas que eram compensadas com a leveza de uma época voltada para outras coisas...
Nesse equilÃbrio mágico da vida por descobrir, surgiu este checo, um verdadeiro génio que fará sempre falta ao nÃvel de um Jose Luis Sampedro, buscando um paralelismo nacional na transcendência de suas tramas.
InesquecÃvel Kundera com suas perguntas inicialmente retóricas que no final obtiveram uma resposta, uma resposta que o expôs nu à s suas próprias dúvidas nascentes sobre o que é existir, sobre o que é alcançar um pedaço de imortalidade na cadência de segundos propÃcia para isto.
Sem dúvida uma autora muito especial para mim cuja classificação de três romances fundamentais (altamente recomendados), ficam marcados por aquela primeira leitura já mencionada.
Os 3 romances mais recomendados de Milan Kundera
A Insustentável Leveza do Ser
Um romance que chegaria a um fim hipotético junto com muitos outros numa seleção final da literatura mundial. Onde aquela insuportável leveza anunciada pelo tÃtulo fica mais marcada é no amor, ou melhor, no desgosto seguinte que se sente incapaz de recuperar o que foi.
Misturar amor e filosofia é como unir paixão e razão, poder narrar é algo como escrever sobre toda a existência humana. E dessa noção simples e ligeira surge este livro que já indiquei: Os momentos particulares ou a existência em geral.
Tente realizar sonhos ou mergulhe na magia do momento que passa. EquilÃbrios impossÃveis do simples fato de ser. Você nunca encontrará um romance com conotações filosóficas que lhe permita acessar as ideias mais sofisticadas de maneira tão leve, aquelas que planejam a existência de nossos sentimentos e de nosso mundo como uma percepção quase inseparável.
Imortalidade
Vou ser previsÃvel, extremamente previsÃvel. Mas é que grandes obras têm uma discussão difÃcil. E se vierem dois a dois, no final é uma questão de sorte o que determina o primeiro e o segundo lugar.
Deste romance guardo a ideia de Agnes. Uma imagem da mulher que posa para a história, que parece exagerar, mas na verdade está apenas tentando fazer você ver a imortalidade do momento. O momento em que ele olha para você e o momento preciso em que ele se despede. Agnes marca os tempos daqui até a eternidade.
Trata-se de aprender a discernir aquelas imagens subjetivas que impedem nosso mundo de se aproximar de um Olimpo de deuses em plena existência, pouco antes de perder o equilÃbrio e afundar de volta no vale.
E mais uma vez a filosofia, a sabedoria de mentes ilustres da história que em algum momento pararam para contemplar a graça do gesto. Sabedoria ocidental para descobrir que nada se sabe quando a mágica acontece.
Como contrapeso à história, encontramos o professor Avenarius, capaz de abrir mão de seus complexos de mortalidade para se entregar ao esquecimento e à tentativa tola de prolongar a beleza do efêmero.
A cortina
Os motivos de Kundera para se dedicar à literatura como um canal para sacudir sua filosofia para o mundo. A velha questão de por que a escrita se justifica na própria história da literatura, no sentimento imortalizado nas obras de escritores gigantes.
«Só a grande arte do romance é capaz de rasgar por um instante a cortina de preconceitos e pré-interpretações com que deciframos não só a nossa vida mas toda a história da humanidade.
Além disso, talvez o romance seja o último observatório que nos permite abraçar a existência humana como um todo e dar "uma olhada na alma das coisas".
O romancista e ensaÃsta Milan Kundera nos convida na cortina para participar do diálogo secreto entre os grandes nomes da tradição ocidental.
Algumas obras iluminam outras, os escritores descobrem aspectos inusitados em seus predecessores, que por sua vez inspirarão seus sucessores de maneiras muito diferentes: Rabelais, Cervantes, Diderot, Fielding, Flaubert, Joyce, Kafka, GarcÃa Márquez ... O resultado é um pequeno e particular "pleÃada" literária que Kundera compartilha com os leitores e uma iluminada história pessoal da literatura. "
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Um oeste sequestrado
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