3 melhores livros de Manuel Vicent

Há dois autores no atual cenário literário espanhol que se destacam por um equilíbrio que não é fácil de alcançar, pela elegância das suas formas, pela sua beleza e por uma narrativa que transmite emoções e sensações. Quais foram os romances criados para leitores exigentes.

Um dos dois citados é Javier Marías. Menciono hoje o outro autor para recomendar quais são para mim seus três melhores livros, e não é outro senão Manuel Vicente.

No caso de Manuel, o domínio da linguagem chega até ele por definição. Com sua tripla titulação humanística (Direito, Filosofia e Jornalismo), e este é realmente um verdadeiro hat-trick, pode-se entender que o conhecimento do ambiente natural da narrativa o tem muito fértil e cultivado.

E quando acontece que, como o Manuel Vicent, acaba optando pelo jornalismo, acontece que escrever livros já está aí, na ponta dos dedos.

Manuel Vicent descobriu o que contar (algo básico para um verdadeiro escritor, para além dos editoriais enlatados e pré-fabricados e personagens mediáticos) e teve tempo de o contar. E todos tão gratos por isso, hey.

3 romances recomendados de Manuel Vicent

Balada de caim

Um lindo título para uma composição maravilhosamente heterogênea. Cenários de ida e volta, personagens entrelaçados pelo sentimento básico de que o espírito de Caim flui como uma corrente por todos os tempos e lugares.

A balada de Cain é uma melodia melancólica, que tanto te empurra para as lágrimas, como te empurra como uma fonte em face da injustiça.

Resumo: Da Antiguidade bíblica do deserto do Gênesis ao asfalto de Nova York, tudo navega no coração dos mortais, em um mar de doçura. Neste romance, Balada de Caim, paraísos perdidos e cidades míticas, melodias da alma e sensações da carne se misturam.

Manuel Vicent lembra-nos como o perfil do fratricídio se confunde com a nossa memória, transgride o tempo e vive vagando pela terra reencarnando em figurações sucessivas.

Balada de caim

Regata

A regata, uma das últimas obras de Manuel Vicent, tem duas leituras. Ou três ou mais, dependendo do leitor-leitor. É o que tem o paraíso que nos foi concedido na Terra.

Todos nós podemos participar dela na medida em que queiramos acreditar nas aparências ou saber apreciar as realidades últimas. E a literatura, sobretudo nas mãos de um autor como Don Manuel Vicent, é o instrumento perfeito para nos conduzir numa espécie de tragicomédia de personagens em busca do seu destino mais amável.

Resumo: Este grande e sonhado paraíso na Terra poderia muito bem ser um lugar como o Circea, o espaço que a imaginação do autor nos apresenta às margens de um deslumbrante Mediterrâneo, onde Dora Mayo goza de opulência a ponto de exagerar na felicidade.

Dora esperava escapar em uma regata pelo dócil Mediterrâneo, domesticado para os ricos e os novos ricos. Mas no final ele fica sem um mentor e sem uma passagem para o barco. E acaba voltando a Madri, procurando derrotado um novo lugar para voltar a acreditar em algo, mas com a alma carregada por aquele parêntese vital nas margens do Mediterrâneo.

A regata encontra novos participantes e inicia seu percurso hedonista. O olhar de um escritor oferece um contraponto a tanta fatuidade de personagens sem alma nem escrúpulos, pelo menos na aparência. Embora com o peso de suas existências triviais correspondendo às suas contradições e egoísmos.

Mas todo mundo sabe que eles são vulneráveis. E nos momentos em que assumem sua presença irrelevante, seja diante de um nascer do sol majestoso, seja diante da brisa repentina do mar, evocam seus infortúnios e descobrem suas defesas miseráveis ​​com as quais procuram cobrir o vazio.

O horizonte do Mediterrâneo verá nascer novos dias até ao último que resta. Até aquele amanhecer sem admiradores, aquele despertar sem consciência; o dia em que o autêntico Mediterrâneo parece eterno para todos. E o silêncio silenciará os últimos ecos da farsa das nossas vidas.

Regata

Ava à noite

Uma das anedotas mais repetidas é a do toureiro Luis Miguel Dominguín que saiu assustado após um encontro apaixonado com Ava Gadner. Ela, a grande atriz, ficou surpresa ao vê-lo sair correndo do quarto do hotel e perguntou aonde ele estava indo. Ele se virou e explicou com entusiasmo que para onde ele estava indo, diga a ela!

Bem sabe Manuel Vicente que a chegada de Ava Gardner à Espanha nos anos XNUMX foi um terremoto para o mundo cultural e político daquela época. Porque a atriz respirou ar fresco na sociedade, anseios de liberdade confessados ​​em petit Committee por quase todos.

David, um jovem que passou os primeiros anos de sua vida respirando o ar mediterrâneo, deixa sua cidade para se estabelecer em Madri e realizar um sonho: conhecer Ava Gardner e se tornar diretor de cinema. Ao chegar, apresentou-se na Escola de Cinematografia decidido a passar no vestibular.

É o início dos anos XNUMX e na Espanha todo um mundo ligado à arte, ao cinema e à literatura passa noites cheias de encanto, divertido e extraordinariamente gratuito. Noites de cinema seguidas de dias em que a realidade do país se afoga coberta pela pátina sombria e repressiva da ditadura de Franco.

Ficção e realidade se cruzam neste romance ambientado na história recente da Espanha. Com a sua maestria habitual, Manuel Vicent retrata em Ava à noite a fronteira instável entre um tempo escuro e decadente e outro que, com os primeiros ventos de mudança, já começa a aparecer no horizonte.

Ava à noite

Outras obras de Manuel Vicent

Eles são do mar

Mais uma vez o mar como pano de fundo, como cenário ou como argumento, dependendo da cena que corresponda. Como disse Serrat, é o que nasce no Mediterrâneo. Resumo: Son de Mar é um romance de amor, naufrágios e regressos. Todos os mortos voltam se o amante os chamar com a força necessária.

O protagonista desse romance é um náufrago que volta depois de dez anos, mas esse fato também acontece todos os dias no asfalto da cidade. De acordo com o manual da ressurreição, o primeiro requisito para ser ressuscitado é estar vivo, mesmo que a vida o mergulhe todos os dias nas profundezas dos mares. Nesse caso sempre haverá um amante que te chama de qualquer margem e você terá que voltar a ela.

Eles são do mar
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