3 melhores livros de Charles Dickens

A Christmas Carol é uma obra recorrente, cíclica, recuperada para a causa a cada Natal. Não que seja uma obra-prima, ou pelo menos não a sua obra-prima na minha opinião, mas o seu carácter como narrativa de Natal com triunfo moral e que serve ainda hoje como emblema dessa intenção transformadora desta época cativante do ano.

Mas bons leitores de Charles Dickens eles sabem que há muito mais no universo deste autor. E é que Dickens não teve uma vida fácil, e aquela luta pela sobrevivência em uma sociedade de industrialização próspera e alienação paralela transportada para muitos de seus romances. Com uma revolução industrial já em curso para ficar (Dickens viveu entre 1812 e 1870), só faltava que a correspondente humanização fosse incluída no processo.

Assim História de Natal talvez fosse um meio literário, uma história quase infantil mas cheia de significado, reveladora dos valores de lucro do nascente mercado industrial.

Posto isto, a título de uma introdução ligeira a este autor, prossigamos com os meusescolha de romances recomendados.

3 romances recomendados de Charles Dickens

História de duas cidades

Aqui encontramos o que provavelmente é sua obra-prima. Um romance que é uma crônica entre as revoluções, a francesa e a industrial. Revoluções muito diferentes em sua essência e ideologia, mas, como tantas vezes, encontraram suas vítimas na cidade ...

Paris como a capital da Revolução Francesa na qual o povo buscou sua libertação. Londres como a cidade pacífica que, em sua calmaria chicha, se preparou para o assalto das máquinas como todo o poder.

Resumo: Este romance é um clássico da literatura inglesa do século XIX. Trata paralelamente das realidades da Inglaterra e de uma França revolucionária. Tomando a Revolução Francesa como ponto de referência, Dickens mostra os problemas sociais e políticos da Inglaterra, temendo que a história se repetisse em seu país natal quando escreveu este romance.

No contraste dessas duas cidades apresentadas, a Inglaterra é apresentada como confiança, tranquilidade, o futuro assegurado, enquanto a França torna-se cada vez mais perigosa à medida que o romance avança.

Os atos de violência perpetrados pelos franceses estão entre as cenas mais marcantes do livro. Dickens rejeita a violência revolucionária em suas duas formas, tanto em sua forma popular, pelas massas, quanto em sua forma institucionalizada, como o terror.

Dickens escreveu um livro sobre duas cidades, uma que ele entendia e conhecia e outra que ele não entendia nem conhecia. Sua descrição daquele que eu não conhecia é quase melhor do que aquele que eu conhecia.

Os críticos argumentam que Dickens baseou seu romance no trabalho de Carlyle sobre a Revolução Francesa, mas pode-se dizer que A Tale of Two Cities é o romance do livro histórico de Carlyle, ou seja, é a história, mas com sentimento adicionado, é a história .que o pega e o mergulha nos acontecimentos revolucionários da França no século XVIII.

História de duas cidades

David Copperfield

Como biografia ficcionalizada, este livro já desperta curiosidade. Um Dickens disfarçado de ficção nos conta sua vida. Mas, além disso, o romance tem grande valor literário, por sua narração empática sobre as experiências do menino que aspira ser homem.

Resumo: Desde sua publicação serializada entre 1849 e 1850, David Cooperfield, o "filho favorito" de seu autor, não deixou nada além de um rastro de admiração, alegria e gratidão. Para Swinburne, foi "uma obra-prima suprema". Henry James lembrou-se de se esconder debaixo de uma mesa quando criança para ouvir sua mãe ler os partos em voz alta. Dostoiévski o leu em sua prisão na Sibéria.

Tolstói considerou essa a maior descoberta de Dickens, e o capítulo sobre a tempestade, o padrão pelo qual toda ficção deveria ser julgada. Era o romance favorito de Sigmund Freud.

Kafka a imitou em Amerika e Joyce a parodiou em Ulisses. Para Cesare Pavese, “nestas páginas inesquecíveis cada um de nós (não consigo pensar num elogio maior) reencontra a sua própria experiência secreta”.

O leitor tem agora a oportunidade de recuperar essa experiência secreta graças à nova e excelente tradução de Marta Solís, a primeira em espanhol em mais de cinquenta anos de uma obra-chave, sem dúvida, da literatura mundial.

David Copperfield

Tempos difíceis

Muito próximo ao nível do romance anterior, nesta proposta voltamos à ideia do encaixe do pessoal nas sociedades desumanizadas emergentes, cujo maior exemplo no século XIX foi a Inglaterra.

Resumo: Na vida, a única coisa que importa são os fatos. Com essas palavras do sinistro Gradgrind começa o romance Difficult Times, um romance em que do início ao fim o tema é a busca desesperada pela felicidade por parte de seus personagens.

Localizada em uma cidade industrial do norte da Inglaterra, o leitor testemunha a lenta e progressiva destruição da doutrina dos fatos, que se finge implacável mas que, infiltrando-se na vida dos personagens, os remodela, afundando uns já outros infundindo eles com uma nova vida.

Hard Times é o romance mais crítico e apaixonado de Dickens e, ao mesmo tempo, como todas as obras de Dickens, é uma exploração ambiciosa, profunda e inteligente da sociedade inglesa de dois séculos atrás.

Tempos difíceis
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