A ficção pode ser escrita sobre as questões mais pesadas da alma, sobre todas aquelas contradições que contém a nossa existência, sobre a culpa e os arrependimentos, sobre o sentimento de derrota em relação ao tempo que escapa. Mas você tem que saber como fazer.
A verdade é que, neste caso, a natureza da história ajuda muito a aliviar o fardo transcendental da questão. As pinceladas de um conto são capazes de transmitir mais do que a maior das descrições de uma obra extensa. Mas você tem que saber como fazer
Denis Johnson sabe como fazer isso. E este livro dá um bom exemplo disso.
Nas cinco histórias que compõem o livro, mergulhamos em projetos de vida muito díspares, mas sempre transbordando das mais profundas sensações que se aproximam do fim. Personagens que enfrentam o que são com um sorriso velado diante da tragédia, com a melancolia se transforma na felicidade plena de estar triste. Porque eles não têm outra escolha.
Para os cinco protagonistas, sempre há um vislumbre de toda a beleza da vida. Principalmente em seu maior enigma final. Do contrário, os mais belos estariam submersos na patética escuridão da razão que os fez enfrentar seus medos ou amontoar velhos traumas; ou que os assoma no abismo do vazio de uma vida consumida, quando todo o tempo passado anunciava a eternidade do momento como um falso slogan visto no hoje de seus últimos dias ...
Depois de amar intensamente ou odiar sem possível correção; Depois dos maiores acertos ou dos piores erros, esses personagens não se importam com o acessório de suas circunstâncias, já que a saudade é a mesma. E eles só precisam descobrir a farsa e rir da grosseria do truque do tempo que anula qualquer conquista ou enterra qualquer erro possível.
A morte assombrou o autor enquanto ele se entregava a essas histórias. Um ato de literatura de despedida deliberada. Cinco personagens que podem muito bem ser apenas um. Porque no final vivemos muitas vidas, diferentes situações, diferentes cenários e temos que nos despedir de tudo isso.
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