Os laços fraternos são a primeira referência ao espírito contraditório do ser humano. O amor fraterno é logo intercalado com disputas por identidade e egos. Claro que, no longo prazo, a busca por essa identidade acaba se misturando entre aqueles que compartilham uma origem direta dos genes e um possível lar comum até a idade adulta.
Os mistérios dessa relação pessoal entre mamíferos do mesmo seio abrem caminho para uma trama entre realidade e ficção, a apresentada neste livro Duelo, do autor latino-americano Edward Halfon.
É claro que, com este título, também enfrentamos a tragédia da perda no livro, mas a dor não se limita apenas a um possível desaparecimento daquele com quem compartilhamos tantos anos de maturidade. O luto também pode ser entendido como a perda de espaço, a concessão pelo irmão recém-chegado. Amor compartilhado, brinquedos compartilhados,
Talvez este livro seja um dos primeiros a abordar a questão da fraternidade com tremenda profundidade. De Caim e Abel a qualquer irmão que acabou de chegar a este mundo. De irmãos que estão sempre de acordo até aqueles que estão ofuscados por um conflito que nunca foi superado e que sufoca o amor que realmente está na base desta relação humana.
O mais paradoxal de tudo é que, no final, um irmão molda a identidade do outro. O equilíbrio entre temperamentos e personalidades atinge o efeito mágico da compensação. Os elementos compensados podem mais facilmente carregar pesos e avançar entre esse equilíbrio instável que é viver. Por isso, quando se perde um irmão, a dor supõe a perda de si mesmo, daquela existência forjada em compensação, entre as memórias de um lar, de uma educação, de uma aprendizagem conjunta.
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