A sensação de que os trens passam não é algo tão estranho ou peregrino. Geralmente acontece com todo mortal que em algum ponto medita sobre o que não deu certo. A perspectiva pode fazer você afundar ou torná-lo forte, tudo depende se você é capaz de extrair algo positivo entre o desânimo e a desesperança. Algo como uma resiliência sobre sua própria perda de vida.
Mas é claro que casos como o de Pepa, a protagonista desta história, são aqueles casos objetivos de perda de vidas. É humano ceder à causa de uma mãe afundada na perda do marido, mas a situação pode se tornar tão absorvente que acaba anulando o cuidador.
Narrar uma vida perdida devido a esse infortúnio estendido de mãe para filha é um insight dramático sem igual. No final, sua mãe consegue sair da depressão, mas sua vida parece ter desaparecido durante a recuperação da mãe.
Se Pepa cometeu um erro ou se realmente fez o que tinha que fazer é o dilema que aparece para Pepa quando o novo cenário de um tempo sem dedicação ao qual se render se abre diante dela como uma difícil encruzilhada emocional.
Mas pode não ter sido tudo ruim. Nessa dedicação à recuperação da mãe, Pepa aprendeu a lutar e a tentar tirar o positivo de uma vida atribulada. Por isso, ao conhecer Crina, uma mulher vítima do tráfico de brancos, grávida e totalmente anulada por seus opressores, Pepa se entrega de corpo e alma à sua libertação, diante de tudo e de todos. E em seu novo trabalho, na melhora compartilhada com aquela nova vítima, talvez Pepa acabe se libertando também.
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