A cidade das luzes também produz, conseqüentemente, suas sombras. Para o protagonista desta história Paris se torna um lugar de memórias, em um deserto melancólico no meio da grande cidade, a mesma que um dia abrigou a felicidade e o amor.
Para os grandes românticos com maiúsculas na História, o romantismo sempre foi isso, o compêndio de um lugar como Paris e sua beleza exultante mais a certeza de que nada é para sempre. Assim, neste romance os momentos revisitam o escritor que perdeu a parte fundamental da sua inspiração, aquela que lhe serviu para guiar a sua própria vida.
Na busca do amor impossível, com a bagagem da decepção sempre ao seu lado, o escritor encontra novos amores leves onde pode se disfarçar um pouco, onde sente que Paris o acolhe novamente em meio ao riso real, embalando-o em novas camas às quais ele nunca retorna, aquela paixão comparável a nada.
O amor impossível, o amor romântico, mais uma vez torna este escritor importante em alguém excepcional, naquela pessoa que todos nós podemos nos tornar, que talvez já tenhamos sido. O simples facto de apresentar esta história, com o desejo indubitável de evocar esse amor transformador, denota uma vontade do autor de nos imbuir a todos de vitalismo, com tudo o que o ser vitalista implica num mundo que, apesar de brilhar como Paris pode, habitualmente paga com sombras por qualquer tentativa de prolongar o efeito restaurador da luz, a luz metafórica de Paris ou a luz autêntica da vida.
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