Quando você experimenta uma guerra, nem sempre você escapa deixando a zona de conflito. Na consideração asséptica deste último termo, outros conceitos existiam antes, tais como: casa, infância, lar ou vida ...
Heda deixou sua casa ou zona de conflito acompanhada por sua família. A promessa de uma vida em paz parecia a solução para todos os seus problemas. Mas o futuro é uma massa de memórias enferrujadas, prolongadas em direção ao futuro último: a morte.
Porque há pessoas que vagueiam mortas na vida, almas zumbis que nunca mais poderão sentir carinho. O ambiente familiar de Heda acompanha sua evolução melancólica ao redor do mundo. Sua família inteira, seu pai, mãe e irmão são apenas a aparência física do que um dia foi sua casa.
Europa, como obra narrativa, aborda Heda e os demais personagens de uma perspectiva hermética. Alguns personagens presos pela dor não podem se apresentar abertamente com suas tristezas e esperanças. Suas almas estão fechadas ou quebradas, eles agem como seres alienados, e apenas em alguns momentos há um senso de humanidade. O suficiente para que o personagem em questão desperte um brilho singular, proporcionando sensações multiplicadas por seu esplendor simples mas eterno.
Que a narrativa transmita tanta dor oculta é uma conquista que só uma boa caneta pode alcançar. Conseguir entender Helda, imitar sua trágica existência justifica todas as leituras.
Superficialmente, o romance fala do grande problema dos refugiados, do que significa (e nem sempre entendemos) sair de casa. Chuvas de culpa, ódio e maus-tratos sobre esses condenados à emigração.
Tudo o que é lido para ter empatia com casos específicos, dentro da generalidade, só pode fazer bem ao leitor. Talvez instale outros sentimentos para entender o que significa sair de casa.
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